30/03/2021

General Freire Gomes é o mais cotado para comandar o Exército General Freire Gomes é o mais cotado para comandar o Exército





O candidato mais forte a substituir o comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, é o general Marco Antônio Freire Gomes, de 63 anos, atual Comandante Militar do Nordeste e ex-secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional no governo de Michel Temer. Seu nome foi discutido numa reunião do Alto Comando do Exército em Brasília.

A reunião dos comandantes das Forças Armadas  foi para discutir a possibilidade de renúncia conjunta. Internamente, oficiais afirmam que nada será divulgado antes de uma conversa com o novo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto.

Já está definido que, caso saia o atual comandante da Marinha, Ilques Barbosa Junior, ele será substituído pelo Almirante Almir Garnier, hoje Secretário-Geral do Ministério da Defesa. 

Por tradição, a instância máxima do Exército recomenda ao presidente três nomes de generais de quatro estrelas para substituir o comandante que sai. Esses três indicados em geral são os três mais antigos da carreira. Freire Gomes é o quinto mais antigo. O decano é o general José Luiz Freitas, que se formou na Academia Militar das Agulhas Negras em 1979.

Freire Gomes é da turma de 1980. Com 63 anos de idade e 42 no Exército, é descrito como um oficial de perfil tranquilo e moderado.  

Nos bastidores, auxiliares de Bolsonaro estão trabalhando numa costura política para que a indicação de Freire Gomes não provoque mal-estar no alto oficialato, por ele não ser o mais antigo. 

Desde que tomou a decisão de trocar o chefe do Exército, na semana passada,  o presidente da República tem dito a auxiliares que quer alguém que esteja disposto a "botar o pé na porta" por ele, caso seja necessário. 

A expressão tem sido usada aqui e ali no Palácio do Planalto, onde existe uma revolta com as recentes decisões do STF autorizando os governadores a implantarem o lockdown para combater o espalhamento do coronavírus. 

Mas, no Alto Comando, o espírito reinante é justamente o oposto. Os generais vem enviando recados, por meio de interlocutores, de que o que vai prevalecer é um entendimento comum, no momento contrário a qualquer ruptura da ordem democrática. Nesse ponto, os perfis do general Freire Gomes e dos outros decanos do Exército coincidem.

Para os militares, a questão da idade não é banal. É tradição que os chefes sejam sempre mais antigos na carreira do que os subalternos. E o novo ministro da Defesa, Braga Neto, é mais "moderno"  do que os comandantes atuais das três forças.

Essa foi uma das questões discutidas pelos chefes da Marinha, da Aeronáutica e do Exército, em sua reunião fechada. Embora todos reconheçam que o momento é delicado para as relações entre o presidente da República e os militares, nem todo mundo aceita tranquilamente a abrir mão de determinadas tradições para atender Jair Bolsonaro.

É esse equilíbrio que está sendo negociado agora em Brasília.

Redação com O Globo