20/11/2020

JÁ MUDOU. Bolsonaro agora diz que vai apontar empresas que importam madeira ilegal. Países,não JÁ MUDOU. Bolsonaro agora diz que vai apontar empresas que importam madeira ilegal. Países,não




Foto: Reprodução Facebook  -  

Depois de afirmar que iria divulgar a lista de países que compram madeira ilegal do Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que na verdade apontará empresas estrangeiras que estariam importando o material de forma irregular.

“A gente não vai acusar nenhum país de cometer crime ou de ser conivente com um crime, mas temos nomes de empresas que fazem isso, e poderiam estar nos ajudando a combater esse ilícito”, afirmou Bolsonaro durante live semanal transmitida pelas redes sociais.

O presidente ainda não revelou o nome das empresas que estariam envolvidas na prática ilegal.

“Nós temos o montante de madeira exportado por ano”, começou Bolsonaro. “Só nesse contexto, a gente vê que não sai tudo da área de manejo. Vai entrar em cena a Marinha do Brasil porque toda madeira ilegal sai por via aquaviária. Dá pra fazer barreiras e conferir o deslocamento dessa madeira: a que for legal passa”.

Para Bolsonaro, assim que o Brasil chegar a um “bom termo nessa questão”, o desmatamento vai diminuir drasticamente. “É o que queremos”.

As informações teriam sido obtidas a partir de um rastreamento da Polícia Federal. Durante a live, ao lado de Bolsonaro, o delegado Saraiva explicou que o método para descobrir a origem da madeira usa três tecnologias diferentes: isótopos estáveis, uma espécie de DNA que mostra a proveniência geográfica de produtos, além do DNA e assinatura química da madeira.

“Jogo econômico”

Bolsonaro definiu as críticas que vem recebendo como um “grande jogo econômico”. Segundo o presidente, os países querem atingir o Brasil por ser uma potência do agronegócio. “Eles querem diminuir a concorrência com toda a certeza. Isso facilita até mesmo o comércio interno de commodities”.

O presidente ressaltou que em 2021, a Inglaterra realizará a Cúpula das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. “É o cartão de visita que a Inglaterra está apresentando. Vai ser feito política em cima disso e o Brasil é o país que mais sofre com isso”.

Na terça feira, durante a cúpula dos Brics, o presidente Bolsonaro havia ameaçado entregar uma lista de países que compram madeira ilegal. Um movimento que pode aprofundar ainda mais a crise diplomática com países europeus.

A questão ambiental é o maior ponto de atrito diplomático entre o governo brasileiro e demais países. No ano passado, o presidente francês Emmanuel Macron chamou as queimadas na Amazônia de “crise internacional” o que provocou a fúria de Bolsonaro. A Alemanha, que é uma das maiores doadoras do Fundo Amazônia, congelou o repasse junto com a Noruega.

Bolsonaro quer utilizar esta lista para atribuir a esses países a culpa pelo desmatamento nas florestas brasileiras. “Estaremos revelando nos próximos dias países que têm importado madeira extraída de forma ilegal da Amazônia. E alguns desses países são os mais severos críticos ao meu Governo no tocante a essa região amazônica”, disse o presidente. “Porque daí sim estaremos mostrando que esses países, alguns deles que muito nos criticam, em parte têm responsabilidade nessa questão”.

O vice-presidente Hamilton Mourão amenizou a ameaça de Bolsonaro, dizendo que ele se referia a “empresas estrangeiras” e não às nações. Não é o país, é a empresa. O presidente deixou claro que são as empresas, ele deixou muito claro isso aí”, disse Mourão, que coordena o Conselho da Amazônia.

No mesmo dia, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) divulgou imagens que, segundo ele, mostram a madeira extraída ilegalmente do Brasil. É possível ver o nome de sete países: Bélgica, Reino Unido, Dinamarca, Holanda, França, Portugal e Itália.

“Como a maioria vai para Europa, onde muitos países se preocupam com o desmatamento nas florestas brasileiras, esperamos que eles cooperem fortemente para impedir a compra destes materiais”, escreveu o deputado nas redes sociais.

A operação Arquimedes da Polícia Federal deflagrada em 2017, apreendeu 120 contêineres com 2.400 m³ de madeira extraída ilegalmente que seria vendida para Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Itália, Holanda, Portugal e Reino Unido.

Redação com UOL