19/10/2020

Bolsonaro pode ter outro vice em 2.022. Mourão disputaria o governo gaúcho Bolsonaro pode ter outro vice em 2.022. Mourão disputaria o governo gaúcho




Foto: site conversaafiada  -  

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não pretende disputar a reeleição em 2022 com o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB) como candidato a vice-presidente.

A intenção foi verbalizada pelo presidente a três aliados, que relataram o conteúdo das conversas reservadas com Bolsonaro ao jornal Folha de S. Paulo.

Segundo eles, o presidente disse que quer escolher outro nome para a sua chapa eleitoral e ressaltou que não conseguiu estabelecer uma relação de completa confiança com o militar.

Nas palavras de um dos aliados, Bolsonaro afirmou que é preciso encontrar uma solução para o posto de vice-presidente e acrescentou que Mourão de novo “não dá”, segundo os relatos.

Nas três conversas, Bolsonaro lembrou que o general da reserva foi escolhido em 2018 devido a uma dificuldade, na época, em encontrar um nome para sua chapa eleitoral.

Antes do anúncio de Mourão, a hoje deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) foi convidada para o posto, mas recusou.

Em nome de uma aliança com o PRTB, e na tentativa de fidelizar apoios nas Forças Armadas, Bolsonaro escolheu o general da reserva.

Na época, aliados do hoje presidente reconheciam que Mourão era uma boa saída a Bolsonaro, já que, na opinião deles, por não ser um político de carreira, seu nome desestimularia a abertura de um processo de impeachment pelo Poder Legislativo.

A intenção do presidente de escolher outro nome para a chapa eleitoral já foi informada a integrantes das Forças Armadas, que passaram a avaliar uma espécie de saída honrosa para o general.

Eles defendem que o militar, que acumulou capital político no cargo, siga na vida pública e dispute, em 2022, um mandato de senador ou de governador no Rio Grande do Sul, onde o general chefiou o Comando Militar do Sul.

Para militares do governo, uma candidatura de Mourão no Rio Grande do Sul poderia até mesmo, se bem articulada, ter o apoio de Bolsonaro, que contaria com um palanque forte em um importante colégio eleitoral.

A relação de Bolsonaro e Mourão passa por idas e vindas desde o início do governo. Nos primeiros meses de mandato, o presidente já manifestava incômodo com o espaço que o general ganhou junto à opinião pública.

Na época, em mais de uma oportunidade, o vice-presidente concedeu declarações que faziam um contraponto a posturas manifestadas pelo presidente, o que, de acordo com assessores palacianos, incomodava Bolsonaro.

A avaliação que mais irritava o presidente, segundo auxiliares do governo, era a de que o general é mais preparado que ele para conduzir a Presidência da República, opinião manifestada nos bastidores por deputados e senadores.

Com o aumento do desconforto do presidente, Mourão chegou a adotar um período de submersão. Recentemente, no entanto, o militar voltou a conceder declarações diárias à imprensa, o que irritou novamente o presidente.

No início de setembro, por exemplo, Bolsonaro orientou uma youtuber de dez anos a fazer uma pergunta a Mourão em uma reunião ministerial. “Você quer ser presidente?”, questionou a garota. “Em hipótese alguma”, respondeu o general.

O episódio foi visto por assessores presidenciais como um recado de Bolsonaro a Mourão. Ele ocorreu após o presidente ter se incomodado com declaração do militar sobre o leilão do 5G.

Em entrevista à agência de notícias oficial do governo chinês, Mourão disse que o Brasil não distingue as empresas que participam do processo pelo seu país de origem. A multinacional chinesa Huawei é uma das principais interessadas no certame.

Redação com Agência Folha