21/05/2020

O vírus se espalhando. Em 11 dias, casos de Covid-19 no mundo passam de 4 para 5 milhões O vírus se espalhando. Em 11 dias, casos de Covid-19 no mundo passam de 4 para 5 milhões





Em 11 dias, o número de casos confirmados da Covid-19 no planeta passou de 4 milhões para 5 milhões, de acordo com o levantamento realizado pela Reuters. Ao todo, mais de 326 mil pessoas morreram após contraírem o novo coronavírus. Agora, no entanto, o epicentro da doença começa a se deslocar para o Sul global, em especial na América Latina,ameaçando países pobres e em desenvolvimento.

— Nós temos um longo caminho para percorrer nesta pandemia — disse o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na tarde desta quarta-feira. — Nós estamos muitos preocupados com o aumento de casos nos países com rendas baixas e médias.

O Brasil, que desafia às orientações da OMS e das autoridades de saúde, tornou-se na segunda-feira, o terceiro país com mais casos confirmados de Covid-19, atrás apenas da Rússia e dos Estados Unidos. Na terça, o número de óbitos diários em razão da doença chegou a 1.179, superando pela primeira vez os três dígitos. Desde março, cerca de 20 mil brasileiros perderam suas vidas para a doença e quase 300 mil foram diagnosticados, segundo o boletim diário do Ministério da Saúde.

No dia 19 de abril, as mortes confirmadas em decorrência do novo coronavírus eram 2.347, aumentando mais de sete vezes em um mês. Este crescimento faz com que o Brasil capitaneie o agravamento do panorama na América Latina, onde o número de mortes aumentou mais de 25% nas últimas semanas. Os casos também crescem em ritmo acelerado no Peru, se aproximando dos 100 mil, com 2,9 mortos, e no México, onde há 5,6 mil mortos e 54,3 mil diagnosticados. Chile e Equador, que notoriamente viu o sistema de saúde colapsar em Guayaquil, também chama atenção.

Ao contrário da maior parte da Europa Ocidental, as cidades latino-americanas enfrentam, no geral, graves problemas de infraestrutura, têm sistemas de saúde muito debilitados e cenários políticos voláteis. Os grandes índices de pobreza e de trabalho informal, que chega a 53%, também aumentam a preocupação frente à pandemia.

Europa controla casos

Os casos de Covid-19 superaram 4 milhões no dia 9 de maio, 12 dias após ultrapassarem três milhões. Entre o segundo e o terceiro milhão, decorreu-se o mesmo tempo. O milionésimo caso de Covid-19 foi registrado no dia 2 de abril, mais de três meses depois do registro dos primeiros casos em Wuhan, cidade no centro da China, em 31 de dezembro de 2019.

Entre os meses de março e abril, a maior parte dos novos diagnósticos e óbitos por Covid-19 se concentravam na Europa, em especial na Itália, na Espanha e no Reino Unido. Após semanas de lockdown, as estatísticas começaram a cair, permitindo uma retomada gradual das atividades. Apesar de alguns países, como a Suécia e o próprio Reino Unido, ainda apresentarem um grande número de casos, as estatísticas estão majoritariamente sob controle no continente.

Atual epicentro, os Estados Unidos, que concentram 1 em cada 3 mortes pela doença no planeta, também veem uma vagarosa desaceleração dos casos, ao menos nas cidades grandes. Ao todo, mais de 1,5 milhões de pessoas foram diagnosticadas com a doença no país, com 92 mil óbitos, mais do que em qualquer outra nação.

Pressionados pelo presidente Donald Trump, todos os estados americanos começaram a retomar suas atividades, sob medo de um novo aumento do contágio. Na semana passada, em depoimento à Comissão de Saúde da Câmara, o epidemiologista-chefe do governo e diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, alertou que a reabertura prematura da economia poderá desencadear um novo surto da doença.

Outro pólo global da doença hoje é a Rússia, o segundo país do planeta mais afetado pela doença, com 308.705 casos confirmados e 2.972 mortos. Nesta quarta-feira, a representante da Organização Mundial da Saúde no país, Melita Vujnovich, disse acreditar que a situação está adentrando em uma fase de estabilidade. Os 8.764 casos confirmados entre terça e quarta-feira foram o menor número desde 1º de maio.

Redação com O Globo