09/05/2020

China já pode ter 80 milhões sem trabalho; especialista vê risco de distúrbios China já pode ter 80 milhões sem trabalho; especialista vê risco de distúrbios





Wang está acostumado a procurar trabalho na China. O técnico da área de tecnologia, de 26 anos, passou o último ano pulando de uma startup para outra no que já parecia um mercado de trabalho precário. Mas quando ele foi demitido novamente em janeiro, desta vez de uma empresa de internet com sede em Pequim, ele nunca esperava que as coisas se tornassem tão difíceis quanto são.

No ano passado “já parecia estar vivendo um inferno”, Wang disse à CNN Business em entrevista por telefone. “Mas 2020 é ainda pior. O coronavírus é como um golpe frontal.”

Wang é um nome que torna difícil identificá-lo, de tão comum na China. Ele pediu à reportagem que não usasse seu nome completo porque não queria que amigos ou familiares soubessem os detalhes de seu desemprego – um medo ecoado por outros na China que falaram sobre o assunto. Alguns também expressaram preocupação de que tornar pública sua situação pessoal poderia prejudicar suas chances de encontrar trabalho.

“O desemprego na China pode ser seriamente subestimado”, disse Willy Lam, professor adjunto do Centro de Estudos da China da Universidade Chinesa de Hong Kong. “É incomum que eles estejam dispostos a relatar esses dados ruins. Como o governo geralmente mascara os números, a situação real deve ser pior.”

Risco de distúrbios

Os dados de Pequim, afinal, não incluem pessoas de comunidades rurais ou os 290 milhões de trabalhadores migrantes que trabalham na construção, manufatura e outras atividades de baixo pagamento, mas vitais. Se esses migrantes forem incluídos, até 80 milhões de pessoas poderiam estar sem trabalho no final de março, de acordo com um artigo co-escrito no mês passado por Zhang Bin, economista da Academia Chinesa de Ciências Sociais, um think-tank administrado pelo governo.

Depois da pandemia, a situação no Brasil não será muito diferente.

Redação com CNN/Brasil