26/04/2020

Sobrevivente de campo de concentração morre infectado por coronavírus Sobrevivente de campo de concentração morre infectado por coronavírus





O belga Henri Kichka foi um dos poucos sobreviventes do mais notório campo de concentração nazista. 'Um coronavírus microscópico obteve sucesso em algo em que todo o Exército nazista falhou', disse seu filho.


Um dos últimos sobreviventes do Holocausto na Bélgica, Henri Kichka morreu de covid-19 no sábado (25), em uma casa de repouso em Bruxelas, aos 94 anos.

Kichka foi um das poucas pessoas que sobreviveram a Auschwitz, o campo de extermínio criado pelos nazistas no sul da Polônia durante a 2ª Guerra Mundial.

Ele falou à BBC em janeiro sobre sua experiência. Questionado sobre como sobreviveu, Kichka disse: "Não era possível viver em Auschwitz. O lugar em si era a morte".

Em uma homenagem publicada no Facebook, seu filho Michel Kichka escreveu: "Um coronavírus microscópico obteve sucesso em algo em que todo o Exército nazista falhou. Meu pai havia sobrevivido à Marcha da Morte, mas hoje sua Marcha da Vida terminou".

Henri Kichka nasceu em Bruxelas em 1926, em uma família judia de origem polonesa. Seus pais haviam fugido do antissemitismo na Europa Oriental para construir uma nova vida no Ocidente.

Quando a Alemanha nazista invadiu e ocupou a Bélgica, eles ficaram sem ter onde se esconder e logo foram deportados, em 1942.

Henri e seu pai foram mandados para fazer trabalho escravo em diferentes campos antes de serem levados para Auschwitz.

As mulheres da família — a mãe de Henri, suas irmãs e tia — foram diretamente para Auschwitz, onde morreram nas câmaras de gás assim que chegaram.

Em 1945, com o avanço do exército soviético, os nazistas enviaram os prisioneiros de Auschwitz, Henri entre eles, em uma "marcha da morte" para outros campos mais a oeste. A maioria dos prisioneiros morreu na jornada.

Redação com BBC