29/03/2020

Isolamento social precisa durar ao menos dois meses Isolamento social precisa durar ao menos dois meses





Pelo menos 70% dos brasileiros precisam estar imunizados para que possamos começar a falar em fim da epidemia de covid-19 no País. Chegar a esse percentual só será possível depois que a maioria da população tiver sido infectada e curada. A alternativa é ter uma vacina, que dificilmente chegará ao mercado antes do fim do ano.

Prever como ou quando atingiremos esse patamar é um exercício de futurologia. Não há precedentes na história recente da humanidade para a crise atual. Por isso, não se pode mirar eventos passados em busca de respostas. Alguns estudos, porém, tentam olhar para o futuro e apontar caminhos possíveis.

Uma unanimidade entre especialistas é a adoção do distanciamento social de forma prolongada para retardar o aumento de casos. “Não há ainda meios de avaliar se as medidas que estão sendo implementadas surtirão os efeitos necessários”, afirma o especialista em modelagem epidemiológica da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Roberto Kraenkel. “Mas projeções feitas para outros países indicam a necessidade de lockdown (isolamento total das cidades, com manutenção apenas de serviços essenciais) por, ao menos, dois meses.”

Estimativas feitas por especialistas da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio) e da Fiocruz apontam que, até amanhã, o País deve registrar 6.375 casos – número que pode variar entre 3.555 (cenário otimista) e 11.548 (cenário pessimista). A expectativa é de que, na próxima semana, o total de casos comece a aumentar exponencialmente até que os efeitos das medidas de distanciamento social comecem a ser sentidos.

Para o Brasil, os pesquisadores do Imperial College, liderados por Neil Fergunson, indicam que uma estratégia de isolamento social de manter só idosos em casa poderia levar à morte mais de 529 mil pessoas. O número é metade do que se projeta para um cenário em que nada fosse feito para conter o coronavírus (1,15 milhão de óbitos). Mas é bem mais alto do que a estimativa para um isolamento social rápido e amplo. Mesmo com essa restrição drástica, haveria ao menos 44 mil mortes.

Redação com AE