11/03/2020

Em apenas dois meses, coronavírus deixou a economia mundial de joelhos Em apenas dois meses, coronavírus deixou a economia mundial de joelhos





Em apenas dois meses, desde o surgimento de um novo coronavírus na China até a segunda-feira que provocou a maior queda das Bolsas desde a crise financeira de 2008, a epidemia de COVID-19 deixou a economia mundial de joelhos.

Tudo começou na cidade chinesa de Wuhan, uma metrópole industrial de 11 milhões de habitantes, onde no fim de dezembro de 2019 foram detectados vários casos de uma pneumonia viral de origem desconhecida.

A doença se propagou rapidamente e em 9 de janeiro as autoridades chinesas atribuíram os casos a um novo tipo de coronavírus.

Dois dias mais tarde, a China registrou a primeira morte provocada pelo novo coronavírus, que se propagou primeiro aos países asiáticos e pouco depois a todo o mundo, superando 115.000 casos de infecção até o momento.

No fim de janeiro, o regime comunista determinou uma quarentena para a cidade de Wuhan e proibiu a reabertura de centenas de fábricas da região após o recesso do Ano Novo chinês.

Os setores do turismo e dos transportes foram os primeiros a expressar preocupação com a epidemia, já que muitos países adotaram restrições à entrada de cidadãos da China.

Ainda em janeiro os mercados registraram os primeiros choques, de Xangai a Wall Street, e os preços das matérias-primas, que têm na China um mercado enorme, desabaram.

Entre meados de janeiro e o início de fevereiro, os preços do petróleo caíram quase 20%.Mas isto era apenas o começo.

Cadeias de produção abaladas 

O novo coronavírus deixou evidente a dependência da indústria mundial em relação à indústria chinesa.

O mundo descobriu que Wuhan, uma cidade quase desconhecida até então, é um “hub” logístico e centro de produção automotivo para vários grupos internacionais e que um problema em uma de suas fábricas pode ter consequências para várias empresas no mundo.

Na Alemanha, Coreia do Sul, Japão, Itália, França ou Estados Unidos, os empresários perceberam a dificuldade que enfrentariam para obter peças e componentes produzidos geralmente por sócios chineses.

A montadora francesa Renault, por exemplo, teve que suspender as atividades em uma de suas fábricas na Coreia do Sul, enquanto a gigante americana Apple enfrentou um corte na produção de seus fornecedores.

Os economistas destacaram um grande “choque de oferta” devido ao papel chave da China no comércio mundial e os líderes mundiais começaram a expressar preocupação com as consequências para o comércio e o crescimento, em um contexto complicado devido às tensões comerciais entre China, Estados Unidos e Europa.

Perigo de recessão 

Diante da propagação da epidemia, as multinacionais alertam que a crise sanitária prejudicará seus resultados e as Bolsas começam a registrar quedas.

A palavra recessão começa a aparecer nos comentários de analistas e governantes. E as autoridades começam a atuar para tentar evitar o cenário.

Redação com AFP