28/11/2019

Senador paraguaio defende morte de 100 mil brasileiros que vivem no país Senador paraguaio defende morte de 100 mil brasileiros que vivem no país





As postagens geraram reação no Senado paraguaio, que discute a possibilidade de punição ao senador. Senadores pediram desculpas aos brasileiros pelas declarações do colega.



Em uma gravação feita com celular na última segunda-feira (25), o senador Paraguayo Cubas Colomes, 57, se dirige a um grupo de pessoas na beira de uma estrada na cidade de Minga Porá, ao lado de um caminhão carregado de madeira.

Ele pergunta se a madeira veio de uma estância de "rapai", termo informal usado no país em referência a brasileiros. Com a resposta afirmativa, começa a vociferar.

"Bandidos brasileiros, bandidos! Invasores! Agora desflorestando o país", berra. "Tem que matar aqui ao menos 100 mil brasileiros bandidos", prossegue, mencionando que há 2 milhões de brasileiros vivendo no país.

Colomes, em seguida, pede "paredão" para brasileiros que não têm "cortina de vento".

O termo refere-se a uma técnica de manejo florestal que consiste na plantação de árvores, geralmente eucaliptos, para isolar lavouras de soja. O objetivo é evitar que o vento carregue pesticidas para propriedades menores nas redondezas de grandes áreas plantadas.

A região onde o vídeo foi gravado, no Departamento de Alto Paraná, perto da fronteira com o Brasil, é produtora de soja.

Grande parte das propriedades é de brasileiros que migraram ao país vizinho há décadas, conhecidos como brasiguaios.

Um segundo vídeo, filmado logo em seguida, causou polêmica ainda maior no país. Nele, o senador investe contra policiais que, segundo ele, estariam protegendo os brasileiros.

Ele chuta um carro e chega a dar um tapa num policial, que não reage. Em seguida, furioso e proferindo xingamentos, arremessa um vaso no chão.

Os vídeos geraram reação no Senado paraguaio, que discute a possibilidade de punição ao senador. Senadores pediram desculpas aos brasileiros pelas declarações do colega.

Colomes é reincidente. Há alguns meses, recebeu uma suspensão por ter atirado um copo de água num colega durante uma discussão.

Ele é membro do partido Movimento Cruzada Nacional, uma legenda pequena que tem como bandeira o combate à corrupção e à presença estrangeira no Paraguai, duas bandeiras com forte apelo populista.

Além de brasileiros, são seus alvos outros imigrantes vindos de países sul-americanos.

Também ataca membros da influente comunidade menonita, uma corrente protestante que migrou do Canadá e do México no século 20 e trabalha em colônias agrícolas.

Ex-deputado federal, ele se comporta no Senado de forma independente ao governo do presidente Mario Abdo Benítez.

O governo brasileiro está acompanhando o caso e avalia alguma medida formal de protesto contra o senador. 

O carregamento de madeira que motivou o acesso de fúria do senador estava regularizado e não teria relação direta com nenhum produtor brasileiro.

A reportagem entrou em contato com o gabinete do senador e pediu uma entrevista com ele, mas não teve resposta até a publicação deste texto.

Redação com Agência Folha