19/11/2019 Façanha foi cercada de uma expectativa que se espalhou do Brasil para o mundo e foi lembrada pelo Rei do Futebol como um momento de dificuldade No dia 19 de novembro de 1969, os astronautas da Apollo 12, Pete Conrad e Alan Bean se tornaram o terceiro e quarto humanos a caminhar na Lua, após deixarem o módulo lunar Intrepid. Mas essa façanha já não tinha tanta graça. O Brasil inteiro, em expectativa que ressoava mundo afora, amanheceu naquela quarta-feira à espera de um feito inédito para um astro do futebol: chegar ao milésimo gol. Em meio ao regime militar, o futebol era uma maneira especial do país encontrar sua identidade. Pelé, naquele momento, personificava o sonho do brasileiro humilde, do ex-engraxate que encontra um futuro, caminhando e jogando por seus próprios pés, em uma dança com o destino. Momentos antes, ele se revelou humilde em uma entrevista para a repórter Cidinha Campos, no programa Dia D, da então TV Record. O clima era de celebração nacional naquela noite. A sensação era de que o país havia parado para ouvir pelo rádio a sua própria conquista da Lua. Vozes empolgadas de Walter Dias, da Rádio Cacique de Santos; Pedro Luiz, da Rádio Nacional; Joseval Peixoto, da Rádio Jovem Pan; Waldir Amaral, da Rádio Globo e Flávio Araújo, da Rádio Bandeirantes, entre outros, desenharam o acontecimento no imaginário popular. No momento em que o árbitro pernambucano Manoel Amaro de Lima marcou o pênalti, um alvoroço se fez no campo. Os próprios jogadores do Vasco, em meio a dezenas de repórteres e curiosos no gramado, reverenciaram o momento, muitos deles indo cumprimentar Pelé. De repente, o capitão do Santos, Carlos Alberto Torres, toma a iniciativa de dizer para todos os jogadores de seu time se enfileirarem no meio-campo. Quem contou isso ao R7 foi o ex-craque Clodoaldo, que deu o passe para Pelé, antes dele sofrer o pênalti. "O Carlos Alberto falou para todos irem para o meio. Veio a pergunta: 'E se ele perder, quem vai ficar no rebote?'. O capitão então respondeu: 'Se acha que ele vai perder? Não vai. Vamos para lá que é o momento dele'. Foi este o momento mais importante", lembra Clodoaldo. Pelé, então, cobra o pênalti, acertando o canto esquerdo. Andrada foi no canto certo e ficou desolado enquanto o craque santista se embrenhava na rede, sufocado por uma massa de repórteres, e pegava a bola, hoje exposta no Museu Pelé, em Santos. Nos ombros dos radialistas radialistas, ele a erguia como um troféu. Aquele jogo foi válido pela 13ª rodada do torneio Roberto Gomes Pedrosa, considerado posteriormento Campeonato Brasileiro. Naquele mesmo dia e horário, o São Paulo jogava contra o Flamengo, em partida na qual venceu por 4 a 1, no Morumbi. O Santos terminou apenas na oitava colocação na pontuação final. O campeão foi o Palmeiras. E Pelé terminou apenas como o quinto artilheiro, com 11 gols. O goleador foi Edu, irmão de Zico. Pelo América (RJ), fez 14 gols. Foi, portanto, o artilheiro do campeonato em que Pelé marcou o milésimo gol. Redação com R-7 |