13/11/2019 A reportagem do Estadão levou Petrúcio Ferreira para conhecer um dos cartões postais dos Emirados Árabes Unidos, o Dubai Frame. O paraibano subiu 150 metros e praticamente caminhou sobre as nuvens no dia seguinte em que se tornou o atleta paralímpico mais rápido do mundo e de quebra conquistou a sua quarta medalha de ouro em Mundiais. “Muito maravilhoso isso aqui. Difícil de descrever essa maravilha. Sensação no Dubai Frame é muito da hora. Logo que pisei no chão de vidro, a primeira sensação é que eu iria cair. Depois me senti como se fosse um super herói e parecia que estava voando”, comentou em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de São Paulo. O projeto de construção dessa obra surgiu em 2009 quando o governo local promoveu um concurso internacional para criar um novo cartão postal para o país. 926 arquitetos se inscreveram e quem ganhou foi o mexicano Fernando Donis. Como a cidade já tinha muitos cartões postais, ele teve a ideia de fazer uma moldura para “enquadrar” os arranha céus da cidade. O Dubai Frame tem 150 metros de altura e 105 metros de largura. Parte do piso lá no topo é de vidro. A sensação de caminhar nas nuvens é esquisita. O técnico de Petrúcio, Pedro Almeida, não teve coragem. O recordista mundial andou numa boa. Afinal, estava leve, com a sensação de dever cumprido. Petrúcio fez a melhor marca do mundo nos 100 metros paralímpico com o tempo de 10s42, alcançada na semifinal. Antes da decisão, no aquecimento, sentiu uma pequena contratura na coxa esquerda e mesmo assim foi ouro (10s44) em uma prova que teve pódio triplo, com Washington Junior em segundo lugar e Yohansson Nascimento em terceiro. Dois dias antes, Petrúcio foi ouro nos 400 metros. “100% de aproveitamento. Saio muito feliz, com duas medalhas de ouro, sendo uma das provas que nem era minha especialidade. Experiência ótima para mim que vai ser importante para Tóquio. Saio como o atleta paralímpico mais rápido do mundo e isso só me motiva para ir em busca de novas metas”, disse. Pedro Leal lembrou que não foi fácil terminar o ano topo e já está de olho no planejamento para os Jogos de Tóquio-2020. “Não foi fácil. Tivemos o acidente com o Petrúcio em janeiro que trouxe como sequência uma paralisação de três semanas. Por causa das inúmeras competições também fizemos um planejamento de treinos de 56 semanas, normalmente são 52”, explicou. No segundo dia de 2019, Petrúcio foi pular de um rio em sua cidade, São José do Brejo Cruz, no sertão da Paraíba, enfiou o queixo em uma pedra e estraçalhou o maxilar. Para a reconstrução do rosto, passou por duas cirurgias que lhe renderam oito placas e 35 parafusos. O tetracampeão mundial deve voltar para a cidade nos próximos dias, onde vive seu pai e sua mãe. O período será de descanso e vem sendo esperado ansiosamente. Tanto é que, apesar de não ter mais que competir, Petrúcio avisou ao técnico que suas férias só começarão a contar quando desembarcar no Brasil. “Conversei com o Pedrinho. A semana de descanso só começa quando chegar na Paraíba”, brincou. “Em função de que ele conseguiu cumprir bem o planejamento, concordo. Vou dar esses dias a mais porque foi um período de muito trabalho e algum sofrimento”. A passagem de volta está comprada para o próximo sábado. Na mala, as duas medalhas de ouro, a lembrança do recorde mundial e a cabeça nas Paralimpíadas. “Já estou imaginando e mentalizando minha corrida em Tóquio. Será minha primeira vez no Japão. Não gosto muito de comida japonesa, vou levar minha rapadura na mala, mas agora vamos pensar em quebrar novas marcas lá”, encerrou. Até lá, ele a imagem que é a do recorde mundial. Emoldurada agora em 150m x105m. Redação com AE |