22/09/2019

Lava Jato poupou donos da Odebrecht de medidas duras para fechar delação Lava Jato poupou donos da Odebrecht de medidas duras para fechar delação




Diálogos obtidos pelo site The Intercept Brasil e analisados e publicados neste domingo, 22, pelo jornal Folha de S.Paulo apontam que os procuradores da Lava Jato pouparam a Odebrecth e seus principais executivos de medidas mais duras cogitadas durante as negociações do acordo de delação da empresa que colaborou com as investigações a partir de 2016.

De acordo com as mensagens, os procuradores pensaram até em obrigar os donos da empreiteira a vender suas ações para que se afastassem completamente dos negócios após a delação.

Mas o grupo desistiu da ideia com o andar das negociações. A ideia era não inviabilizar o acordo com a Odebrecht.

Os investigadores também discutiram a possibilidade de impedir a empreiteira de pagar os advogados dos delatores e se responsabilizar pelas multas impostas aos executivos, com o objetivo de evitar que eles mantivessem o valor acumulado com os atos de corrupção.

As mensagens também mostram que a cúpula da Odebrecht tinha um envolvimento muito maior com o esquema de lavagem de dinheiro criado pela empresa para pagar propina a políticos e funcionários públicos do que sugerem os documentos divulgados até agora.

Os procuradores calcularam que Emílio Odebrecht, seu filho Marcelo e outros 16 executivos receberam 167 milhões de dólares em contas secretas no exterior em um período de dez anos. O valor equivale a quase metade do total dos pagamentos ilegais feitos pela empreiteira a políticos entre 2001 e 2016. Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que participou das negociações, o total é estimado em 349 milhões de dólares.

Os diálogos vazados mostram que a Lava Jato conhecia muito sobre os crimes praticados pela cúpula da Odebrecht, por exemplo, a existência do Setor de Operações Estruturadas, departamento criado para movimentar dinheiro sujo no Brasil e no exterior.

Redação com Agências