19/09/2019

Polícia Federal descobre que Memorial da Anistia teve desde documento falso a desvio de bolsas Polícia Federal descobre que Memorial da Anistia teve desde documento falso a desvio de bolsas





Quem passa pelo cruzamento da rua Carangola com Primavera, no bairro Santo Antônio, em Belo Horizonte, vê, ainda, um canteiro de obras. Um edifício histórico, que deveria abrigar uma exposição de longa duração sobre o período de repressão no Brasil, está escorado. Um prédio anexo, que seria a sede administrativa do Memorial da Anistia Política do Brasil, está inacabado. 

Localizado ao lado de uma escola infantil da Prefeitura de Belo Horizonte e atrás da Secretaria Municipal de Educação, o local ainda mantém grama alta, materiais de construção empilhados e a estrutura de um canteiro de obras. O projeto do Memorial comemora 10 anos em 2019, sem nunca ter se materializado e no centro de uma investigação policial. 

Local onde seria instalado o Memorial tem cara de canteiro de obras abandonado

Na última semana, a Polícia Federal indiciou 11 pessoas por fraudes na construção e implementação do projeto do Memorial da Anistia Política do Brasil. Segundo inquérito, que a reportagem teve acesso, há indícios de uma série de irregularidades, como aumento do custo da obra, falsificação de documentos e de prestação de contas, e até mesmo desvio de bolsas de estudo de estagiários e pesquisadores. 

Dentre os indiciados estão a reitora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Sandra Regina Goulart de Almeida, o ex-reitor Jaime Arturo Ramírez, duas ex-vice-reitoras Rocksane de Carvalho Norton e Heloisa Starling, além de gestores da Fundep (Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa) da UFMG, coordenadores e um bolsista do Projeto República, coordenado por Starling.

Os 11 indiciados respondem a acusações de associação criminosa, uso de documentos ideologicamente falsos, desvio de verba pública, concussão, estelionato e prevaricação. 

Desvio de bolsas

Segundo as investigações da Polícia Federal, uma das supostas irregularidades constatadas tem a ver com desvios de parte das bolsas pagas a pesquisadores e estagiários do Projeto República, núcleo de pesquisa, documentação e memória, vinculado ao Departamento de História da UFMG, vinculado ao Memorial da Anistia Política do Brasil. 

Conforme a PF, bolsistas repassavam “de forma voluntária ou impositiva” a dois coordenadores temáticos do projeto, parte de suas bolsas. O órgão também apurou que pagamentos de bolsas do Projeto Memorial da Anistia do Brasil foram endereçados para “realização de outras pesquisas e atividades estranhas ao projeto”.

Ou seja: Roubalheira completa.

Redação com R-7