11/07/2019

Jornalista sugere que Moro ‘finge amnésia’ e diz que imprensa não entrega material para governo em uma democracia Jornalista sugere que Moro ‘finge amnésia’ e diz que imprensa não entrega material para governo em uma democracia




O editor do site The Intercept Brasil, Glenn Greenwald, argumentou que não entrega seu material com mensagens atribuídas ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e outros procuradores envolvidos nas investigações da Operação Lava Jato, porque essa não é uma prática existente no mundo democrático. Em audiência pública na Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ) do Senado Federal nesta quinta-feira (11), o jornalista também sugeriu que Moro não tem evidência nenhuma de que os diálogos são falsos.

Greenwald ressaltou que jornais ou revistas não precisam de permissão para publicar materiais. “Imprensa livre significa que, como jornalistas, nós não precisamos do governo antes de publicarmos, nem da perícia. Não precisamos permissão dos tribunais. Antes, nós publicamos. Isso só acontece em países autoritários, tiranos, só nos democráticos.”

Questionado pelo senador Marcos do Val (Cidadania-ES) sobre como a população poderia, então, confiar no material, o jornalista também pediu para que a população analisasse a situação. “Não sou eu falando. É Folha, Veja, Intercept, procuradores do Ministério Público (MP), Buzzfeed, todos falam a mesma coisa: esse material é autêntico, palavra por palavra. Qual evidencia existe para apoiar a insinuação de Moro e Deltan que algo foi alterado? Nenhuma.”

Para Greenwald, Moro “finge que tem amnésia”, já que alega que não lembra de nada que escreveu nas mensagens trocadas com procuradores, incluindo com Deltan Dallagnon, e só se recorda de algo quando lhe é conveniente. “Sergio Moro está fingindo que tem amnésia’. Eu acho que ninguém acredita em Moro quando ele diz que não lembra nada, nem uma palavra. Ele pediu desculpas quando chamou os membros do MBL [Movimento Brasil Livre] de tontos, aí ele lembrou. Quando tem benefício para ele, ele lembra e se desculpa. Quando não, ele não lembra nada”, provocou.

Do Val, então, concluiu que não é possível acreditar no material apresentado pelo portal. “Então se um jornalista publica que uma pessoa cometeu um crime, essa pessoa vai ser presa sem verificação das instituições? Isso não funciona na nossa democracia. Enquanto você disser que essa é uma perícia de imprensa, feita pela imprensa, a gente não consegue acreditar. Enquanto o senhor não colocar em uma instituição fora do nosso território, que puder dar autenticidade”, argumentou.

O jornalista concluiu, então, dizendo que o site não pede para que as pessoas acredite no material “por causa da nossa credibilidade, mas sim porque estamos mostrando evidências concretas”. Ele finalizou pedindo racionalidade e que os brasileiros “comparem a nossa evidência com quem diz que o material não é autêntico.”

Redação com JP