23/06/2019

Procuradora criticada por Sérgio Moro ficou em silêncio em audiência Procuradora criticada por Sérgio Moro ficou em silêncio em audiência




Três dias antes de o então juiz federal Sergio Moro enviar uma mensagem a Deltan Dallagnol, do Ministério Público Federal, queixando-se do desempenho da procuradora Laura Tessler, ela participou de uma audiência com os ex-ministros Henrique Meirelles e Luiz Fernando Furlan sem ter feito nenhuma pergunta às duas testemunhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo do tríplex do Guarujá. Depois disso, não participou de mais nenhum interrogatório do caso.

Os dois foram ouvidos por videoconferência no dia 10 de março de 2017, uma sexta-feira, em audiências em que apenas a defesa do ex-presidente Lula fez perguntas. Naquela ocasião, Meirelles e Furlan disseram não ter observado qualquer atuação irregular do petista na presidência — os depoimentos foram breves, não duraram nem quinze minutos. Quando Moro passou a palavra ao MPF, Tessler limitou-se a dizer: “Sem perguntas”. As audiências foram encerradas pelo então juiz logo em seguida.

De acordo com as mensagens divulgadas pelo site The Intercept Brasil, Moro reclamou da procuradora a Dallagnol na segunda-feira seguinte aos depoimentos, no dia 13 de março de 2017: “Prezado, a colega Laura Tessler de vcs é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem”.

Novos diálogos divulgados indicam que o comentário surtiu efeito. Segundo mensagens divulgadas no programa ‘O É da Coisa’, comandado pelo jornalista Reinaldo Azevedo, na rádio Band News FM, em parceria com o The Intercept Brasil, Dallagnol repassou a reclamação de Moro ao colega Carlos Fernando dos Santos Lima — nos diálogos, os dois preocupam-se em manter a conversa em sigilo.

Tessler não participou de mais nenhum depoimento no processo que culminou na condenação de Lula na Lava Jato. Dupla considerada mais experiente, Pozzobon e Noronha estiveram presentes em todos os encontros seguintes, inclusive o do delator Léo Pinheiro, que atribuiu o apartamento a Lula, e no interrogatório do próprio petista, em maio de 2017. O ex-presidente foi sentenciado por Moro em julho daquele mesmo ano.

Redação com Veja.com