16/02/2019

Demissão de Bebianno é frustração para PSL e vitória para Carlos Bolsonaro Demissão de Bebianno é frustração para PSL e vitória para Carlos Bolsonaro





O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, é o primeiro ministro demitido pelo presidente Jair Bolsonaro. Suspeito de liberar verbas para candidaturas laranjas quando ainda era presidente do PSL, o ministro andou ontem na corda bamba em um dia de idas e vindas, mas não conseguiu convencer o presidente Jair Bolsonaro a permanecer no cargo. O chefe do Executivo federal admitiu à cúpula política do Palácio do Planalto que demitirá o ex-mandatário de seu partido. A previsão é de que a exoneração seja publicada no Diário Oficial da União na segunda-feira.

A permanência de Bebianno era vista como insustentável no Palácio do Planalto. Os núcleos militar e civil trabalharam para demover Bolsonaro da ideia de demissão, mas foram voto vencido. Na tarde de ontem, quando o governo sinalizou que o ministro permaneceria, o cenário era de que a crise não estava totalmente solucionada. Assessores comentavam que o ministro seguia isolado.

A principal sinalização do isolamento e do enfraquecimento de Bebianno foi emitido no início da tarde, quando o posicionamento do governo ainda era pela permanência. O mensageiro da notícia foi o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e não o presidente. A simbologia dos últimos movimentos mostra que a crise instalada depois da interferência do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-SP) nos assuntos de governo não estava resolvida.

Ao bater o pé e decidir ficar no posto ao longo da quinta-feira, Bebianno pediu para falar com o presidente. Com a relutância de Bolsonaro, o ministro acabou sendo comunicado por Onyx, que, na hierarquia do governo, tem o mesmo posto e função. Segundo integrantes da Esplanada dos Ministérios, o chefe da Secretaria-Geral sofreu mais uma dica de que o tempo no governo estava perto do fim, apesar do discurso oficial em contrário dos aliados do presidente.

Recado

O principal recado com a demissão de Bebianno é o que interlocutores do governo e aliados mais temiam: a vitória de Carlos. Para um deputado, exonerar Bebianno expressa o poder de ingerência do filho sobre a decisão do presidente. A avaliação é de que é preciso controlar o pivô da crise, responsável por ter publicado um áudio em que Bolsonaro nega uma conversa a Bebianno por motivos clínicos, quando ainda estava hospitalizado em São Paulo. “Achei que a crise talvez tenha ajudado o governo a se desvencilhar dos filhos. Precisamos de um centro de poder institucional, e não informal”, ponderou.

A demissão frustrou a Casa Civil. Os responsáveis pela articulação política esperavam que a crise fosse superada e, enfim, reforçassem as conversas com os parlamentares para a construção da base de apoio à reforma da Previdência. Nos últimos três dias, Onyx passou mais tempo tentando equacionar a crise do que fazendo a interlocução com o Congresso. 

Redação com CB