29/01/2019

Não consigo dormir, diz ambientalista que votou contra licença de barragem Não consigo dormir, diz ambientalista que votou contra licença de barragem





Há quatro noites que a ambientalista Maria Teresa Corujo, 59, não consegue dormir direito. Desde que a barragem da Mina do Feijão se rompeu, na última sexta-feira (25), Maria Teresa só tira pequenos cochilos. "Não consigo dormir. Fico pensando nas pessoas soterradas", disse.

Maria Teresa Corujo é angolana de nascimento, mas vive em Belo Horizonte desde 1997. Há quase duas décadas, ela atua na defesa de comunidades afetadas pela atividade mineral no estado.

No dia 11 de dezembro de 2018, ela foi a única integrante do CMI (Câmara de Atividades Minerárias) do Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental) de Minas Gerais a votar contra a ampliação das atividades na região do rio Paraopeba, que inclui a mina Córrego do Feijão, operada pela Vale.

Seu voto solitário não impediu a aprovação do licenciamento. Pouco mais de um mês depois, a barragem se rompeu causando a morte confirmada de pelo menos 60 pessoas, e o desaparecimento de quase trezentas.

Em entrevista ao UOL, Maria Teresa relatou, bastante emocionada, como se sentiu ao ver que seu voto foi o único contrário à ampliação das atividades na região.

Ela diz que as empresas que atuam na região "escolheram" não aprender as lições deixadas pela tragédia em Mariana (MG), quando outra barragem, desta vez operada pela Samarco, se rompeu causando a morte de 19 pessoas e resultando num dos maiores desastres ambientais da história do país.

"E não é nem uma questão de ter aprendido ou não. Eles escolheram de forma muito consciente não fazer o que tem que ser feito", afirma.

Redação com UOL