26/01/2019

Saiba porque os aviões comerciais não conseguem voar mais rápido Saiba porque os aviões comerciais não conseguem voar mais rápido





As principais fabricantes de aviões renovaram recentemente suas linhas de aeronaves comerciais. Elas ganharam aprimoramentos aerodinâmicos e novos motores mais econômicos e eficientes. Apesar das mudanças, um fator permanece praticamente inalterado: a velocidade do voo de cruzeiro dos aviões.

Ela permanece praticamente a mesma desde que os primeiros jatos foram lançados. E por mais que a tecnologia avance nos próximos anos, dificilmente os aviões comerciais vão realizar voos mais velozes.

Isso acontece porque os jatos comerciais já voam muito próximos à velocidade do som. Os Airbus A350 e A380, por exemplo, têm velocidade de Mach 0.89, o equivalente a 89% da velocidade do som.

Com a temperatura do ar a 20º C, a velocidade do som é de 1.234,8 km/h. Conforme os aviões sobem, a temperatura do ar diminui. Como a velocidade do som varia de acordo com a temperatura, ela também é menor em altas altitudes. A uma temperatura de -40º C, a velocidade do som diminui para cerca de 1.100 km/h. Nessa condição, os A350 e A380 têm velocidade máxima de 979 km/h.

Dificuldades 

acima da velocidade do som Para aumentar a velocidade, eles precisariam quebrar a barreira do som. O problema é que, para isso acontecer, seria necessário rever praticamente todos os conceitos adotados atualmente nos aviões comerciais.

"Quando o avião quebra a barreira do som, existe uma onda de choque e, atrás dela, o ar muda completamente de comportamento e de característica, como pressão, temperatura e resistência. Um avião que funciona bem antes da onda choque (abaixo da velocidade do som) não funciona bem depois", afirma Shailon Ian, engenheiro aeroespacial, tenente da reserva da Força Aérea Brasileira e presidente da consultoria Vinci Aeronáutica.

Para que um avião possa voar acima da velocidade do som, são necessárias mudanças significativas nos motores, asas e fuselagem. Em velocidades supersônicas, os motores atuais simplesmente deixariam de funcionar, as asas perderiam sustentação e a fuselagem causaria um grande arrasto aerodinâmico (resistência do ar ao avanço do avião).

Os aviões supersônicos usam motores do tipo turbojato, fuselagem mais fina e asas com as pontas bem para trás. São conceitos completamente diferentes dos aviões comerciais atuais.

Consumo de combustível é muito alto 

O avião franco-britânico Concorde foi o único supersônico até hoje a ter uma vida de sucesso na aviação comercial. Atualmente, há alguns projetos em desenvolvimento para criar um novo avião supersônico para o transporte de passageiros.

No entanto, o grande desafio segue o mesmo desde a época do Concorde: o consumo excessivo de combustível. Para voar a velocidade supersônica, os motores precisam de muito combustível. Isso torna as operações ainda mais caras.

Para o engenheiro aeroespacial Shailon Ian, dificilmente surgirá um avião supersônico na próxima década. "Nenhum projeto ainda se mostrou viável", afirmou.

Redação com Vinícius Casagrande UOL