21/04/2025![]() Em entrevista concedida ao portal UOL, o ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates teve muito a dizer. Quase um ano após ser demitido da estatal, afirmou não ver mais espaço para ele no PT. Além disso, acusou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de tentar interferir na principal petrolífera brasileira, embora negue que seja a mando do presidente Lula (PT). O ex-senador também afirmou que o principal inimigo do governo é o próprio governo, e que considera deixar a sigla antes das próximas eleições, em 2026. ‘Silveira quer mostrar poder sobre a Petrobras’ Prates foi demitido da chefia da estatal em maio de 2024, após um longo processo de fritura. Quase seis meses após o início da especulação sobre sua eventual saída, Prates caiu atirando. Em uma carta de despedida a subordinados, ele atribuiu a demissão a Silveira e Rui Costa (Casa Civil), que teriam se “regozijado” com sua demissão precoce. Quase um ano depois, Prates repetiu as acusações, e disse que o ministro tenta interferir nas políticas da Petrobras de maneira “descarada”. O UOL questionou a Petrobras e o Ministério de Minas e Energia sobre as afirmações. Caso haja resposta, o texto será atualizado. Veja algumas das declarações de Jean Paul na entrevista: Lula é um líder mundial, neste mandato. Ele não se ocupa tanto de questões menores, e o pessoal aproveita para fazer as coisas por baixo. É assim em todo governo. Mas, neste, as pessoas jogam contra o próprio governo em busca de poder, de interesses pessoais, como faz Alexandre Silveira. Silveira vaza informações, faz críticas em público para mostrar que tem poder sobre a Petrobras. Lula nunca tentou interferir na Petrobras; no máximo uma reclamação, um muxoxo. Mas ele reconhece a governança. Agora, o que está acontecendo [com Alexandre Silveira] é uma tentativa descarada de intervenção estatal. Não pode haver intervenção alguma na Petrobras, é uma empresa com capital aberto e ações negociadas na Bolsa de Nova York. Às vezes, ele [Silveira] vazava para a imprensa que haveria alguma mudança de preço, e eu segurava por mais uma semana só para não parecer que estava cumprindo ordens. Eu fui tão senador quanto ele [Silveira]. A Petrobras é vinculada ao Ministério de Minas e Energia, mas não é subordinada a ela, e ele não entende isso, ou faz que não entende. Fogo amigo Prates diz que o terceiro mandato de Lula deveria ser “um governo de estrelas”, mas que os integrantes do governo têm medo de ganhar destaque e se tornarem alvos. Todos se escondem com medo de tomar martelada. Quem se destaca é logo alvo de tiro, e o primeiro atirador é o Rui Costa, que tem a esperança de ser o sucessor de Lula. É por isso que ele ataca tanto o [Fernando] Haddad [ministro da Fazenda]; não é por causa da economia. Acredito que, em um ano [até a próxima eleição], o governo conseguirá melhorar os índices de aprovação, mas tem que definir quais são as prioridades. Hoje, tudo fica centralizado na figura de Lula, porque os ministros não aparecem por medo. É importante que o governo pareça um time, não uma pessoa só. Isso transparece para a população. Este era para ser um governo de estrelas. O maior inimigo do governo é o próprio governo. A oposição não atrapalha, está ocupada com pautas da bolha deles, como a anistia. ‘Não tem espaço no PT, e ninguém quer discutir herança com pai vivo’. Redação com UOL / Imagem de Jean Paul: Reprodução Agência Senado |