08/02/2024

OPERAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL - Militares não escondem indignação com operação determinada por Alexandre de Moraes OPERAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL - Militares não escondem indignação com operação determinada por Alexandre de Moraes




O clima de tensão tomou conta de militares na manhã desta quinta-feira com a operação determinada pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes. A insatisfação é grande com os mandados de busca e apreensão determinados pelo ministro do STF contra militares de alta patente e que, até poucos meses, estavam no comando de postos-chaves.

Um general da reserva disse ao Blog que "o atual comandante, o general Tomás Paiva, vai enfrentar insatisfação clara dentro dos quartéis" e que a relação entre os militares com o governo federal e com o judiciário "volta a ficar tensionada".

Os questionamentos são pelo método adotado por Alexandre de Moraes de determinar a busca e apreensão sem que os alvos tenham sido chamados para depoimentos.

Outro questionamento é sobre a envergadura dos alvos dos mandados. Entre eles estão o ex-ministro e ex-comandante do Exército, general Paulo Sérgio, o ex-comandante da Marinha, almirante Garnier Santos, e o general Augusto Heleno, ex-ministro de Bolsonaro, mas também um militar altamente prestigiado dentro das Forças Armadas que chegou a comandar a operação de paz da ONU no Haiti.  General Braga Netto é outro militar muito respeitado dentro das Forças Armadas.

Sobre a busca e apreensão contra Augusto Heleno, outro militar disse: "Você sabe quantos oficiais da ativa já foram comandados pelo general Heleno? Muitos".

O ex-comandante da Marinha almirante Garnier Santos afirmou que foi acordado pela PF às 6h15. "Estando acompanhado apenas do Espírito Santo, em virtude de viagem da minha esposa. Levaram meu telefone e papéis de projetos que venho buscando atuar na iniciativa privada. Peço a todos que orem pelo Brasil e por mim. Continuamos juntos na fé, buscando sempre fazer o que é certo, em nome de Jesus", disse.

Pelo menos dois coronéis, sendo um da reserva, e um major estão entre os presos da operação contra grupo acusado de disseminar informações falsas para fraudar as eleições de 2.022. Além deles, os generais Walter Souza Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira – todos ex-ministros de Jair Bolsonaro (PL), também envolvido na ação da Polícia Federal (PF) –, o almirante Almir Garnier e o general Estevam Theophilo foram alvos de busca e apreensão. O Exército acompanhou os movimentos dos investigadores desde o início a partir de uma regra prevista no estatuto militar.

Entenda o caso: segundo o artigo 74 do estatuto da caserna, a prisão em flagrante de um militar pode ser feita por uma autoridade policial, mas o autor do delito deve ser entregue a uma autoridade militar mais próxima. Quando não é em flagrante, e o servidor das Forças estiver em área ou residencia militar, a prisão deve ser acompanhada por um oficial do mesmo posto. Por isso a presença do Exército junto à PF na manhã desta quinta (8). O mesmo já havia ocorrido na prisão do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.

Quem são os alvos: três militares foram presos na ação da PF. O coronel da reserva do Exército Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, o major Rafael Martins de Oliveira, das Forças Especiais do Exército, e o coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto. Além deles, também houve mandado de prisão preventiva contra Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência no governo passado.

Ineditismo: segundo pesquisadores ouvidos pela reportagem do SBT News, a operação da PF contra militares é inédita pelas circunstâncias e pelo período democrático. Na história, dois episódios de ações envolvendo prisões de militares podem até ser lembrados, mas não para efeito de comparação: a revolta dos marinheiros e o Ato Institucional (AI) 1, em 1.964.

Redação com R-7 e SBT News / Imagem: Reprodução divulgação PF