04/02/2024

UM NEGRO NO COMANDO - General comandante de região militar é o terceiro negro no posto UM NEGRO NO COMANDO - General comandante de região militar é o terceiro negro no posto




O militar André Luiz Aguiar Ribeiro assumiu no dia 7 de dezembro o posto de general de divisão da 6ª Região Militar do Exército, responsável pelas tropas e atividades da Força Terrestre na Bahia e em Sergipe.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo em 2.021, o jornalista Sionei Leão, autor do livro Kamba’Race – Afrodescendência no Exército Brasileiro, constatou que, até aquele momento, 11 homens negros haviam chegado à posição ao longo da história.

André Luiz é o terceiro homem negro a ocupar o cargo, sucedendo a Marcelo Arantes Guedon. A cerimônia de passagem de comando foi presidida pelo ministro da Defesa, José Múcio, e conduzida por Kleber de Vasconcellos, comandante militar do Nordeste.

O feito é notável, já que André Luiz é apenas o terceiro negro a alcançar a patente de general de Divisão, uma posição de destaque e rara na história do Exército Brasileiro. Os outros dois foram o general Lourival do Carmo, promovido em 1.950, e general João Baptista de Mattos, promovido em 1.961.

Considerando-se que a corporação tem como data de fundação 19 de abril de 1.648, ela completou ano passado 375 anos.

Segundo especialistas, assumir o comando de uma região militar estratégica como a 6ª RM pode ser um trampolim na carreira de Ribeiro, abrindo caminho para que ele eventualmente alcance o posto mais alto da hierarquia militar, o de general de Exército.

Essa conquista é também histórica, já que nenhum negro alcançou essa posição em mais de 200 anos de história militar.

Apesar de haver uma presença significativa de negros em patentes inferiores, a representatividade é escassa entre os generais do Exército. As promoções são baseadas no desempenho, mas a questão da diversidade racial ainda é considerada um tabu dentro da instituição.

Um levantamento feito em 2.021 pelo jornal O Globo mostrou que, entre os 400 oficiais-generais das três Forças Armadas então na ativa, havia somente 7 pretos (1,75% do total). O Exército tinha (e tem) a cúpula mais branca entre as Forças: o único oficial-general negro da corporação verde-oliva era (e continua sendo) André Luiz Ribeiro.


General, negro, carioca e botafoguense

Em entrevista ao jornal baiano A Tarde, Ribeiro contou que é carioca e torce para o Botafogo. O militar tem 56 nos de idade e é casado com uma baiana.

Ele lembrou a origem humilde e destacou a importância da educação em sua carreira militar.

“Meu pai era um assalariado, oriundo do Rio de janeiro, também cidade de minha mãe. E realmente ele só sabia escrever o nome dele e mais nada”, lembrou.

Já a mãe estudou um “pouquinho”, segundo ele, até a antiga segunda série do terceiro ano. Ribeiro argumenta que isso não significou o comprometimento da educação familiar.

“A minha educação, apesar da simplicidade dos meus pais, foi uma educação cartesiana, eivada de princípios, que só veio encontrar uma total união com os valores, os princípios e a ética militar”, afirmou Ribeiro. Ele evita discutir questões raciais.

Além de suas responsabilidades militares, Ribeiro tem o desafio de estabelecer parcerias com o governo da Bahia para enfrentar a crise de segurança no estado e garantir operações de auxílio durante períodos de seca ou de chuvas fortes.

Redação com metrópoles / Imagens: Reprodução divulgação EB