22/01/2023

NÃO CONFIA - Lula demitiu 80 militares em 5 dias, incluindo o comandante do Exército NÃO CONFIA - Lula demitiu 80 militares em 5 dias, incluindo o comandante do Exército





A desconfiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com setores das Forças Armadas, que teve episódios ainda durante a campanha eleitoral e se intensificou após os atos de 8 de janeiro, culminou neste sábado, com a demissão do comandante do Exército, o general Júlio César de Arruda. Ao todo, em um período de cinco dias — de terça-feira até o sábado —, Lula demitiu ao menos 80 militares que tinham cargos no governo federal.

Quatro dias depois da invasão e dos atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes, o petista já havia dado um recado de sua insatisfação, ao afirmar, durante café da manhã com jornalistas no Planalto, que a porta do palácio presidencial havia sido “aberta para essa gente entrar”, em referência aos vândalos. Na ocasião o presidente deixou claro o entendimento de que a entrada dos invasores foi facilitada e disse que havia “gente das Forças Armadas aqui dentro conivente” com a depredação do local.

A primeira atitude em grande escala foi tomada na última terça-feira, quando o petista dispensou 45 militares lotados em setores responsáveis pela residência oficial da Presidência. A grande maioria, 40, atuava no Palácio da Alvorada, para onde Lula e a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, se mudarão no mês que vem. Na mesma leva, outros 11 oficiais do Gabinete de Segurança Institucional foram desligados, em um total de 56 nomes em um dia.

O movimento prosseguiu ao longo da semana. Na quarta-feira, mais 13 membros das Forças Armadas foram desligados, o que se repetiu no dia seguinte, com outras nove demissões, todas na pasta que cuida da Segurança Institucional. Na sexta, mais um militar do GSI deixou o governo, totalizando 23 em três dias.

O último nome, já neste sábado, foi justamente o do general Júlio César de Arruda, em meio a uma falta de alinhamento do general com Lula e ao comportamento do militar diante de acampamentos que se instalaram em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.

A desconfiança com Arruda já vinha, inclusive, antes da confirmação de sua permanência no cargo. O general era visto como o mais bolsonarista entre os mais antigos da força e aliados de Lula chegaram a tentar demover o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, da ideia de colocá-lo à frente do Exército, mas sem sucesso.

NOVO COMANDANTE

O General Tomás Miguel Ribeiro Paiva, de 62 anos, foi anunciado neste sábado (21) pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como novo comandante do Exército. Paulistano, iniciou a carreira militar em 1.975 ao entrar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas, no interior de São Paulo.

O general Tomás Miguel Ribeiro Paiva estava à frente do Comando Militar do Sudeste, atuou em missão do Exército no Haiti e foi comandante da Força de Pacificação da Operação Arcanjo VI, no Complexo da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, em 2.012.

General Tomás Miguel Ribeiro Paiva, novo comandante do Exército Brasileiro

O novo comandante do Exército também foi ajudante de Ordens do Presidente da República e Assessor Militar do Brasil junto ao Exército do Equador; chefiou o Gabinete do Comandante do Exército, em Brasília, e comandou a 5ª Divisão de Exército, em Curitiba, no Paraná.

Ribeiro Paiva ganhou projeção e se tornou um nome a ser considerado dentro do novo governo após discurso incisivo em defesa da lisura do processo eleitoral brasileiro e do resultado das eleições que asseguraram o petista na Presidência da República.

Redação com sistema Globo / Fotomontagem: Reprodução