18/01/2023

Jornalista americano critica decisões de Alexandre de Moraes e diz que não é propriedade da esquerda Jornalista americano critica decisões de Alexandre de Moraes e diz que não é propriedade da esquerda





Na última semana, o jornalista americano Glenn Greenwald vem sendo questionado nas redes sociais, especialmente no Twitter, por criticar a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal(STF), no caso dos ataques aos prédios dos três Poderes.

Internautas criticam o que veem como uma concepção norte-americana de liberdade de expressão por parte de Greenwald e o associam à direita. Entre as críticas, alguns retomam polêmicas antigas envolvendo o jornalista.

“Minha crítica ao Alexandre de Moraes vai além da liberdade de expressão. Me preocupa a falta de um processo justo para os presos, ao qual todos os cidadãos têm direito”, diz Greenwald em entrevista ao blog #Hashtag.


Ele também critica o afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), sem pedido de órgãos de investigação ou parlamentares, em medida inédita adotada por Moraes, e diz se preocupar com a derrubada de perfis nas redes, que atribui ao ministro do Supremo.

Desde a última semana, por exemplo, alguns perfis que usavam o Twitter para questionar o processo eleitoral ou apoiar o ato golpista do dia 8 de janeiro tiveram suas contas tiradas do ar. Entre eles, os deputados federais Nikolas Ferreira e José Medeiros, do PL, Bárbara Destefani, do perfil Te Atualizei, professora Paula Marisa, Paulo Figueiredo Filho, ex-comentarista da Jovem Pan, e o podcaster Bruno Monteiro Aiub, o Monark.

Greenwald foi ao Twitter dizer que o Brasil está sob regime censura e que Moraes teria banido os perfis. Procurado pela reportagem, o STF não quis comentar a suspensão dessas contas.

O jornalista também entrevistou Monark em seu programa System Update, transmitido pelo Rumble, o que aumentou as críticas ao jornalista na internet.

“Achei importante falar com o Monark para explicar que ele não recebeu aviso do banimento nas redes e não teve oportunidade de contestar as acusações com um advogado”, diz Greenwald. Ao #Hashtag, o jornalista afirma que as pessoas tiveram seus perfis banidos sem aviso ou possibilidade de contestação.

Greenwald já foi criticado nas redes anteriormente, durante a disputa presidencial americana em 2.020, por publicar uma reportagem sobre a relação do democrata Joe Biden com a Ucrânia e a China no momento em que disputava o pleito contra o republicano Donald Trump. O jornalista reforça que seu papel é informar.

“Se eu deixasse de publicar uma notícia relevante por estar do lado de um candidato político, seria um jornalista corrupto”, diz ele sobre as críticas que o associam à direita.

Greenwald compara a atuação do ministro de Alexandre de Moraes à de Sergio Moro (União Brasil), ex-juiz em primeira instância da Operação Lava Jato, que prendeu o então ex-presidente Lula (PT) em 2.017.

Ainda que os outros ministros do STF apoiem as medidas de Moraes, Glenn considera seus movimentos perigosos, da mesma forma que diz ter criticado o STF quando a Corte respaldava decisões de Moro durante a Lava Jato.

Em 2.019, à frente do The Intercept Brasil, veículo ao qual não pertence mais, Greenwald foi um dos responsáveis por tornar públicas trocas de mensagens entre Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outros envolvidos na Lava Jato. A série de reportagens, publicadas pelo Intercept em parceria outros veículo, incluindo a Folha, ficou conhecida como Vaza Jato. Em 2.021, o STF declarou parcialidade de Moro no caso de Lula.

“Eu não vi a esquerda me criticar naquela época. Ela achou que eu era sua propriedade”, diz Glenn sobre os ataques que vem recebendo nas redes. O jornalista acredita que como seu marido, o deputado federal David Miranda, já foi do PSOL, a esquerda pode tê-lo considerado um esquerdista e agora se sente traída. Ele também atribui ataques nas redes à xenofobia.

Redação com Blog #Hashtag – Folha de S. Paulo / Imagem: Reprodução redes sociais