07/01/2023 Reunidos no primeiro encontro de ministros de estado do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro da Previdência, Carlos Lupi, tiveram muito o que conversar nesta sexta-feira. Em entrevista concedida ao jornal Valor Econômico, Rui Costa desautorizou abertamente Lupi, que havia defendido na terça-feira (3), em seu discurso de posse no Ministério, a inexistência de um déficit nas contas da Previdência. “Claro que tem déficit previdenciário, negar isso é negar a realidade. Vamos ter um negacionista dentro do nosso governo? O déficit da Previdência pública é enorme, continua enorme apesar de todas as reformas”, rebateu Costa, ao jornal. Na entrevista ao Valor, o ministro-chefe da Casa Civil disse, ainda, que recomendou que Lupi “jogasse a gasolina fora” e que foi convocado com “extintores” para apagar o incêndio causado pela fala do representante da pasta da Previdência. O negacionismo de Lupi produziu a primeira crise gestada pelo próprio governo. No dia em que o novo ministro defendeu uma “antirreforma” para desfazer parte das mudanças aprovadas em 2.019 nas regras de concessão de aposentadorias e pensões, a Bolsa despencou 2% e o dólar subiu ao maior patamar desde julho passado. A razão para o pessimismo do mercado é simples: o chefe da Previdência, que deveria ser o maior conhecedor das dificuldades do sistema, ataca uma das poucas iniciativas tomadas no passado recente para tentar equilibrar, ainda que em grau insuficiente, as despesas e receitas do INSS e dos regimes de servidores públicos e militares. Os dados orçamentários, divulgados pelo próprio governo, apontam para um déficit de R$ 350 bilhões na Previdência pública e do INSS em 2.023. Caso o governo decidisse encampar a pauta de Lupi de promover uma antirreforma da Previdência, o custo em 4 anos seria de R$ 250 bilhões, como mostram cálculos de Pedro Fernando Nery, ex-consultor do Senado e professor do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). São recursos que, além de fazer falta para o cumprimento de promessas de campanha de Lula, deixariam a situação das contas públicas ainda mais delicada. Lembrando que o déficit fiscal previsto no orçamento de 2.023 está em R$ 230 bilhões. Redação com Metrópoles / Imagem: Ag. Brasil |