13/09/2022

Reunião entre presidente do TSE e ministro da defesa é desmarcada Reunião entre presidente do TSE e ministro da defesa é desmarcada





O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, se irritou com a divulgação pelo jornal Folha de S. Paulo de que as Forças Armadas pretendem fazer uma espécie de “apuração paralela” no dia da eleição e decidiu desmarcar uma reunião prevista para esta terça-feira (13), com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.

O encontro não estava previsto na agenda oficial de Moraes, mas até a noite do último domingo (11) a equipe das Forças Armadas havia recebido confirmação extra oficial do tribunal e se preparava para a audiência.

A imprensa apurou que Paulo Sérgio e Moraes trocaram mensagens nesta segunda-feira (12) para distensionar o ambiente e tentar reagendar o encontro.

O principal assunto a ser discutido é a adoção de um projeto piloto para mudar o teste de integridade das urnas. As mudanças no teste são o último remanescente de uma longa lista de pedidos apresentados pelos militares ao TSE no início do ano e que alimentaram a guerra pública entre Bolsonaro e a côrte eleitoral.

Nas últimas semanas, ministros do governo Bolsonaro, militares e o TSE vinham costurando uma trégua que desaguou em um encontro de Nogueira e Moraes no último dia 31/AGO na sede do TSE - e, esperavam os militares, selaria o final da pendenga.

A história da "apuração paralela" pegou a côrte eleitoral de surpresa e interrompeu as conversas.

Segundo reportagem da Folha, os militares planejam pegar 385 boletins de urna (BUs) aleatoriamente para cruzar os dados compilados pelos militares com a apuração do TSE.

A disponibilização dos BUs no site oficial do tribunal, não apenas aos militares, mas a qualquer um, era uma medida já anunciada há meses. O número de boletins que os militares pretendem vasculhar por conta própria só foi revelado agora.

Segundo foi apurado, Moraes se irritou com a “guerra de narrativas” em torno do sistema eleitoral brasileiro.

Para o ministro, somar BUs não é “apuração paralela”, já que para isso seria necessário somar todos os boletins das mais de 400 mil urnas, o que seria impossível.

O ministro também se irritou com a versão de que a tal “apuração paralela” seria um privilégio aos militares, quando na verdade “não houve nenhuma alteração do que definido no primeiro semestre, nem qualquer acordo com as Forças Armadas ou entidades fiscalizadoras para permitir acesso diferenciado”, segundo o próprio TSE destacou em nota pública.

Redação com jornal O Globo / Fotomontagem: Reprodução Ag. Brasil e TSE